O panorama do ensino superior na Madeira revela-se cada vez mais desafiante, com um número crescente de estudantes a desistirem após o primeiro ano. Enquanto o país apresenta uma média de abandono acima dos 13%, a região autónoma, apesar de registar valores ligeiramente inferiores, enfrenta situações alarmantes em vários cursos.
Crescimento do abandono e especificidades regionais
A nível nacional, cerca de 13,2% dos novos alunos deixam de se inscrever no ensino superior no ano seguinte à matrícula, o que corresponde a aproximadamente 35 mil desistências numa coorte de mais de 265 mil estudantes. Na Madeira, a taxa de abandono situou-se em 10,7% no ano letivo 2021/2022, mas o dado mais preocupante é a existência de 11 cursos em que nenhum estudante prosseguiu o percurso académico após o primeiro ano.
Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) são os que apresentam maior índice de desistência, com 28,1% dos inscritos a abandonarem a formação nos primeiros 12 meses, valor que cresceu em 1,2 pontos percentuais face ao ano anterior. Nos mestrados de segundo ciclo, a evasão atingiu os 15%, enquanto as licenciaturas subiram para os 11,2%.
Fatores em causa e necessidades de intervenção
- Dificuldades académicas e falhas de adaptação ao ritmo universitário
- Sobrecarga e cansaço físico e psicológico
- Condições financeiras e custos associados ao alojamento
- Distanciamento familiar e apoio social insuficiente
Apesar de um investimento de 518,7 milhões de euros em Educação, Ciência e Tecnologia na região, o fenómeno da desistência no ensino superior mostra uma trajetória oposta à queda do abandono precoce no ensino básico e secundário, que já se situa nos 8,6% em 2024.
Para inverter esta tendência, são necessárias estratégias que reforcem o acompanhamento personalizado, ajustem os currículos às necessidades dos alunos e ofereçam apoio socioeconómico aos mais vulneráveis.